frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

sábado, 30 de maio de 2009

descobri que meu filho é gay, e agora?

A revista ‘Época’ fez uma entrevista com Edith Modesto, 71 anos, fundadora da ONG Grupo de Pais de Homossexuais. Na entrevista, ela conta que, apesar das conquistas da militância GLBT, quando o tema da diversidade sexual surge entre quatro paredes, a situação é mais difícil.

edith macedoHá quinze anos, a filósofa e professora da USP a paulista Edith Modesto descobriu que um de seus sete filhos era gay. Entrou em desespero e começou a se informar sobre homossexualidade. Nesse processo de aceitação, Edith percebeu a dificuldade dos pais em aceitar ter um filho homossexual. Resolveu, então, criar uma ONG, o ‘Grupo de Pais de Homossexuais’, que atende homens e mulheres que sofrem e têm dúvidas em relação à homossexualidade de seus filhos - um trabalho único no Brasil.

Apesar dos avanços sociais no tema diversidade sexual, quando o assunto entra nos lares, tudo muda de figura: as mães negam, têm culpa, ficam perdidas. Mulheres que durante a vida tiveram amigos íntimos homossexuais e um dia, ao se deparar com um filho gay, enlouquecem, não aceitam. Adoecem e algumas até pensam em suicídio. Não entendem. Homossexuais são vistos nas novelas, o assunto diversidade sexual não é mais um tabu, mas dentro de casa tudo muda. Dentro de casa avançou menos. O preconceito está enraizado em todos nós, de alguma forma. Homossexuais ainda são expulsos de casa, e aqueles pais que mantêm o filho em casa, não aceitam a sua homossexualidade.

edith macedo e o filho marceloPais e mães reagem de forma diferente. A mulher é mais afetiva, mais compreensiva. Os homens são mais frios, mais machistas - embora as mulheres também sejam. Quando se sabe que um filho é homossexual, a reação de ambos é ruim. Porém os homens tendem a atitudes mais agressivas ou se isolam do problema, enquanto que as mulheres enfrentam a questão que mais se aproxima de uma aceitação. Para os pais é mais difícil ter um filho gay do que uma filha lésbica. O pai quer que o filho seja seu espelho, quer a continuidade da linhagem. Se a filha é lésbica, para os pais é mais 'disfarçável', já que ela pode ter amigas, demonstrar afeto, dormir juntas. Se o rapaz pega na mão do amigo, o mundo cai.

Os pais dos homossexuais passam por fases quando descobrem a homossexualidade de seus filhos. Todas as pessoas do mundo foram criadas e se prepararam para ter filhos heterossexuais. Ninguém foi preparado para ter filho gay. Então, a fase da descoberta é cercada, para a grande maioria, de culpa e negação. Muitos acreditam que se trata de algum problema psicológico, de uma fase de experimentação ou mesmo de safadeza. Tentam mostrar ao filho que existe um caminho melhor, o que aumenta o sofrimento para todos. Outros entram logo na fase de tentar saber tudo sobre gays e lésbicas. Querem entender. Entender para tentar aceitar. Passam a ler tudo. Principalmente as mães por serem ainda levadas pela vertente da psicologia que diz que a culpa é sempre da mãe.

Autora dos livros ‘Vidas em Arco-Íris’ e ‘Mãe Sempre Sabe?’, na ONG ‘Grupo de Pais de Homossexuais’ que criou Edith já foi até procurada por uma psicanalista especialista em sexualidade ao descobrir que a filha é lésbica. Em outro caso, a diretora de uma escola a procurou, contando que um menino de 13 anos estava apanhando na escola e em casa, por mostrar traços de homossexualidade. Até mães evangélicas, que acreditavam que o filho estivesse com o diabo no corpo, também foram acalmadas.

O trabalho da ONG é baseado na solidariedade, não se julga e nem se faz militância. São as mães que mais procuram a ONG, pais são mais raros. Não é fácil ser diferente. Não é fácil ver um filho sofrer por ser homossexual. (fonte: revista Época - entrevista de edith macedo concedida à jornalista martha mendonça)



Temas relacionados:
GPH - Grupo de Pais de Homossexuais

quarta-feira, 27 de maio de 2009

elas são bissexuais

De uns tempos para cá muitas celebridades, sejam elas atrizes ou cantoras, resolveram sair do armário e revelar que são bissexuais. Umas já assumiram há algum tempo e namoram com outra mulher ou já deram declarações falando que já se envolveram ao menos uma vez com pessoas do mesmo sexo. Outras chegaram até a se separar do marido para levar adiante um romance com uma mulher. (fonte: yahoo! brasil)
FergieA cantora Fergie se casou em janeiro deste ano com Josh Duhamel e assumiu a bissexualidade em maio. "Escreva desta maneira: eu definitivamente já experimentei, mas nunca tive uma namorada fixa" declarou Fergie ao jornal "The Sun".

Alanis MorisseteTambém segundo o jornal "The Sun", em 2003, a cantora Alanis Morissete admitiu que já teve uma "relação completa" com uma mulher e que se sente fisicamente atraída por mulheres o tempo todo". Alanis fez uma participação no seriado "Sex and the City" interpretando uma bissexual.

Ana CarolinaA cantora brasileira Ana Carolina foi capa da revista 'Veja' em 20005 com a declaração "Sou bi, e daí?". Ela revelou que começou a gostar de meninas com 16 anos e que sua mãe ficou reticente ao receber a notícia na época.

Angelina JolieA atriz Angelina Jolie teve durante dez anos um romance com a modelo Jenny Shimizu, mas diz que desde que conheceu seu atual marido, Brad Pitt, abandonou as mulheres. "Nunca escondi minha bissexualidade", disse ela à revista "Public".

Brigitte NielsenDizem que a atriz Brigitte Nielsen pediu o divórcio de Sylvester Stallone porque foi flagrada na cama com a secretária, em 1987.

Julia PaesJulia Paes, modelo brasileira e ex-namorada de Thammy Miranda, com quem chegou a fazer um filme pornô, fez sucesso com o público masculino depois de assumir sua bissexualidade. "Não gosto que me definam lésbica", declarou Julia.

Megan FoxA atriz e modelo Megan Fox, estrela do filme "Transformers", disse recentemente à revista "Esquire" que acha os homens sujos e que não tem problema em ser bissexual. Atualmente, ela namora com o ator Brian Austin, mas revela que já teve relações com outras mulheres

Cláudia JimenezA atriz brasileira Cláudia Jimenez foi casada durante dez anos com a personal trainer Stella Torreão, mas depois engatou um romance com o também ator brasileiro Rodrigo Phavanello.

Cynthia NixonA atriz do seriado "Sex and The City", Cynthia Nixon, revelou há poucas semanas que vai se casar com a namorada Christine Marinoni. Nixon assumiu o relacionamento assim que se separou de Danny Mozes. Juntas desde 2003, as duas noivaram em abril.

Geri HalliwellDizem por aí que a ex-spice girl Geri Halliwell teve um caso com a cantora Bjork no começo de 2000 e que ela também se relacionou com a companheira de palco Mel B nos bastidores da turnê 'Spice World'.

Lady GagaA cantora Lady Gaga falou para a revista 'HX' sobre sua bissexualidade. "Eu sou muito louca. Amo homens, amo mulheres e adoro sexo, mas atualmente estou envolvida com meu trabalho".

Lindsay LohanEm 2008, a atriz Lindsay Lohan assumiu seu relacionamento com a DJ Samantha Ronson. "Só quero ter um ano feliz e saudável, continuar no caminho que estou e estar com a pessoa que eu gosto. E minha família". O namoro das duas é cheio de indas e vindas.

Marina LimaEm abril deste ano, a cantora brasileira Marina Lima declarou à revista "Junior" que está procurando uma pessoa que seja madura e mais velha, sem se importar se é homem ou mulher. Ela esteve envolvida em polêmicas sobre um relacionamento com Gal Costa.

PinkA cantora Pink negou durante anos possíveis romances com mulheres, mas em uma entrevista ao jornal "News of the World", admitiu ser bissexual. "É assim que eu sou, é assim que eu me sinto. Eu acho desnecessário tocar nesse assunto, mas acho ainda mais idiota não discuti-lo. Parece que bissexualidade está na moda, e eu deveria ser também. Mas bom, eu não acredito em modinha. Eu acredito em mim", disse.



Temas relacionados:
o enigma bissexual

sábado, 23 de maio de 2009

filme: omaret yakobean

título no Brasil: 'o edifício yacoubian'
gênero: drama
origem: egito
ano de lançamento: 2006
direção: marwan hamed
roteiro: wahid hamid, baseado em livro de alaa' al-aswany
elenco: adel imam, nour el-sherif, hend sabri, khaled el sawy, bassem samra

O Edifício Yacoubian - filme

Alaa' Al-Aswany, dentista do Cairo, Egito, um dia teve um consultório no Edifício Yacoubian. O que viu, as pessoas com quem conviveu, e a sua imaginação, originaram aquele que veio a se tornar o livro mais vendido em língua árabe. Publicado em 2002, o livro transformou-se em filme. A sociedade árabe, mais especificamente a egípcia, foi retratada em suas faces mais obscuras pelo diretor egípcio Marwan Hamed, na época com 29 anos.

Na cultura egípcia não existe a amizade entre homem e mulher, o homem tem mãe, irmã, filha, mas não tem amigas. Casais não andam de mãos dadas nas ruas, seria afeto demais. Mas, homens andam de braços dados e são carinhosos com seus amigos. A figura feminina, principalmente a da mãe, é importantíssima e respeitada, mas é também onde uma mulher que se atreve a caminhar na rua sem usar o hijab, o tradicional véu, corre o risco de levar pedradas na cabeça.

Edifício Yacoubian, no CairoO Yacoubian é um dos prédios mais antigos e interessantes do Cairo, e é ele que o diretor usa para tratar de temas tabus em seu país, como sexo, drogas, homossexualidade, tortura e aborto. O filme bateu recordes de público e causou a ira dos políticos, que quiseram censurar as cenas em que um respeitado jornalista se relaciona com um soldado. No prólogo, é contada a história do prédio, construído em 1934 por Hagop Yacoubian, um rico negociante armênio, e que abrigou as famílias abastadas e depois, no tempo de Nasser, muitos militares.

É nesse ambiente que circulam personagens interessantes: o idoso engenheiro Zaki El Dessouki (Adel Imam) um playboy decadente que divide o apartamento com uma irmã que é uma víbora e parece ansiosa em se livrar dele. Hajj Muhammad Azzam (Nour El-Sherif), engraxate na juventude que transformou-se em poderoso homem de negócios, que sob a capa de uma religiosidade impecável alcança, à custa do tráfico de droga, a situação de milionário e a respeitável posição de deputado. Buthayna Al Sayyed (Hend Sabri), uma jovem pobre que para sustentar a família aceita manter uma relação sexual com o patrão, desde que, a conselho da mãe, conserve a virgindade. Hatem Rachid (Khaled El Sawy) famoso jornalista homossexual iniciado no sexo ainda muito jovem por um criado núbio, e que é amante de Abd Raboh (Bassem Samra), um soldado casado e vítima dos preconceitos morais da sociedade. Quando, inesperadamente, morre o seu filho, a esposa, que não ignora a sua relação homossexual com o jornalista, faz com que ele creia que a morte da criança é o castigo de Deus pelos seus pecados.

No livro de Al Aswani, é o soldado Raboh que mata o jornalista seu amante, mas no filme foi um rapaz desconhecido que é levado para sua casa num instante de desespero. Enfim, o autor do livro e o diretor do filme afrontaram os principais tabus da sociedade egípcia: a corrupção e o oportunismo, o fundamentalismo religioso, o terrorismo e a repressão policial, a hipocrisia moral e religiosa, a intolerância e a ignorância. Os desencantos de qualquer sociedade.





Clique no banner abaixo e apóie a aprovação do PLC 122/06. Em menos de 1 minuto, você assina o abaixo-assinado, envia seu voto para os 81 senadores e ainda indica a Campanha para seus amigos.

não homofobia

quarta-feira, 20 de maio de 2009

david ogden stiers, kelly mcgillis, larry wachowski

David Ogden Stiers

No crepúsculo de sua carreira, o ator David Ogden Stiers, que ficou conhecido ao atuar na série M*A*S*H* dos anos 70 saiu do armário dizendo que já não tem mais medo de ser gay. Stiers, que tem 66 anos, em uma entrevista respondeu: ‘Sim, eu sou gay. E sou muito orgulhoso disso e está mais do que na hora de encontrar um namorado.’ Por querer evitar maiores incidentes, o ator decidiu sair somente agora do armário, referindo-se à possível reação negativa de seus amigos e parentes, e que manteve a sua homossexualidade na obscuridade, durante anos, porque temia prejudicar a carreira, mesmo não tendo experimentado qualquer discriminação na recente indústria cinematográfica. Ogden Stiers está reavaliando o que exatamente o fez ficar no armário há tanto tempo. Uma das séries mais assistidas de todos os tempos na TV americana, M*A*S*H* é uma adaptação para a TV do premiado filme de Robert Altman e mostrava a rotina em um grupo de médicos do exército em plena Guerra da Coréia.

Kelly McGillis

A atriz Kelly McGillis, de 51 anos, assumiu, durante uma entrevista que é homossexual. A loira estrelou nos anos 80 o filme ‘Top Gun’, em que fez par romântico com o galã Tom Cruise. Kelly sempre enfrentou boatos de que seria lésbica, mas negava as notícias. Quando questionada se queria ter um romance com um homem ou uma mulher, não titubeou: ‘Definitivamente, uma mulher. Estou farta do universo masculino. Preciso de uma mudança na minha vida’. Kelly tem duas filhas adolescentes de um milionário americano, de quem separou-se em 2002. A atriz também contou que demorou para aceitar sua orientação sexual, e que foi um processo longo iniciado aos 12 anos, revelando que sempre que algo de ruim acontecia com ela, achava que era uma punição de Deus.

parada gay em moscou

A polícia russa interrompeu a passeata gay em Moscou no sábado passado, dia 16. Dezenas de ativistas haviam se reunido perto de uma universidade desafiando a proibição, e alguns deles foram arrastados pela polícia quando tentaram gritar palavras de ordem. O ativista pelos direitos gays, o britânico Peter Tatchell estava entre os detidos. Mais cedo, a polícia permitiu a passagem de uma manifestação contrária, liderada por grupos religiosos e nacionalistas. Os grupos de defesa dos direitos gays estavam levantando bandeiras e exigindo direitos iguais e criticando o tratamento dispensado aos homossexuais na Rússia. Nikolai Alexeyev, líder do movimento gay na Rússia, também foi detido. Homossexuais sofrem ataques constantes no país, e ainda há o risco de ser demitido do emprego e desprezado por suas famílias. O prefeito de Moscou, Yuri Luzkhov, descreveu passeatas gays como coisas ‘satânicas’.

Larry Wachowski

Larry Wachowski, da dupla de irmãos cineastas mundialmente famosa por ‘Matrix’, ‘V de Vingança’ e ‘Speed Racer’, tem provocado frisson com uma nova estréia: sua versão loira e feminina. Em 2007, Larry já apresentava traços do sexo oposto em uma de suas poucas aparições públicas, durante a estréia de ‘Matrix Revolutions’, o que seria resultado dos hormônios que, supostamente, começara a tomar. Na época, porém, houve veículos de imprensa que desacreditaram a história. No entanto, a mudança de sexo se confirmou em 2009. Larry que agora é Lana, já há alguns anos, estava separado da esposa e havia se transformado em uma linda e loira mulher de meia idade e sem os costumeiros óculos de seu visual, mas a mudança de sexo cirúrgica ainda não foi confirmada.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

homenagem a um gay: pierre verger

o mensageiro entre dois mundos

pierre verger

Pierre Édouard Léopold Verger nasceu em Paris, em1902, filho de uma abastada família de origem belga e alemã, teve uma juventude confortável e todos os namorados que quis. Sempre teve idéias igualitárias em relação às pessoas, se opondo às idéias preconceituosas da sociedade em que vivia. Em 1932, aos 30 anos, sem o pai e com a morte da mãe, decidiu que não viveria além dos 40 anos: se o seu fim não fosse natural, deveria ser pelo suicídio. Descobriu, então, suas duas paixões: a fotografia e as viagens.


pierre vergerCom uma câmera e noções de fotografia aprendidas com o amigo Pierre Boucher, partiu para o Taiti. De 1932 a 1946, muitas foram as viagens ao redor do mundo, e para sobreviver negociava as suas fotografias com agências de turismo, centros de pesquisa e jornais. Em 1946 desembarcou no Brasil, mais especificamente em Salvador, Bahia, seduzido pelos homens, pela calma, pela hospitalidade e pela cultura do povo que ali encontrou, a sede insaciável de rodar o mundo esvaiu-se e decidiu que seria aqui, no Brasil, a sua nova pátria.


Estudando essa cultura tão sedutora, Pierre descobriu que entre os séculos XVIII e XIX, quase um milhão de ‘iorubás’ tinham sidos presos pelos portugueses e trazidos como escravos ao Brasil. E junto com eles veio a religião, o ‘calundu’. Os ‘iorubás’, que viviam na Nigéria, adoravam o deus supremo ‘Olodumare’ e, abaixo dele, os orixás, deuses ligados à natureza tão presentes na água, no fogo, no ar e na terra. Ainda na África, os 'iorubás' receberam influência de um outro povo, os ‘jejes’ e adotaram o culto dos seus deuses, os voduns, que passaram a ser considerados orixás também. E assim se formou a religião dos ‘iorubás’, que foi trazida nessas condições ao Brasil. E no Brasil, como qualquer religião além da católica era proibida, os escravos associaram cada divindade de sua religião a algum santo católico, transformando o calundu no candomblé.

Encantado e apaixonado pela história dos afrodescendentes, através de uma bolsa de estudos Pierre Verger foi estudar a cultura ‘iorubá-jeje’ na própria África Ocidental, em 1948. Lá, em 1953, foi iniciado na religião dos povos ‘iorubás’ como babalaô (‘pai do segredo’) e recebeu o nome de Fatumbi (‘nascido de novo graças ao Ifá’), sendo o ‘Ifá’ um oráculo daquela crença.

As pesquisas realizadas por ele sobre a história, os costumes e a religião praticada pelos povos ‘iorubás’ e seus descendentes, na África e na Bahia, passaram a ser os temas centrais de sua obra e foram extremamente importantes para a história do Brasil. Além de uma vasta pesquisa fotográfica para o ‘Instituto Francês da África Negra’, começou a escrever suas impressões. Como colaborador de várias universidades, registrou suas pesquisas em artigos, comunicações e livros. Nos anos 1960 seu trabalho foi reconhecido internacionalmente e ele recebeu o título de doutor pela ‘Universidade Sorbonne’.

Em 1973, a pedido do governo brasileiro, Verger começou a organizar o ‘Museu Afro-Brasileiro da Bahia’, em Salvador, cuja direção foi assumida pela ‘Universidade Federal da Bahia’. E para garantir a sobrevivência do seu acervo, contendo mais de 65 mil negativos de suas fotos, em 1988, Pierre transformou a própria casa num centro cultural, criando a ‘Fundação Pierre Verger’ (FPV), da qual era presidente, mantenedor e doador. Embora os amigos mais íntimos soubessem, Pierre só resolveu assumir a sua homossexualidade na velhice. Ele morreu em Salvador, em 1996, aos 93 anos.

A produção fotográfica-etnográfica de Pierre Verger dedicada às culturas africana e afro-brasileira é amplamente conhecida no livro ‘Orixás - Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo’, de 1981. Dentre os seus trabalhos iniciais, talvez o menos difundido, seja a obra fotográfica realizada por ele no Japão, em 1934, a serviço do jornal francês Paris Soir, seu primeiro trabalho como fotógrafo profissional. Verger permaneceu no Japão por um mês, registrando instantâneos do cotidiano rural e urbano das regiões de Tóquio, Quioto, Nara, Oshima, em um país que se modernizava, contudo, mantendo a tradição. Fotos de Pierre no Japão estão reunidas na obra ‘O Japão de Pierre Verger’ lançado quando da comemoração do centenário da imigração japonesa no Brasil.



(fonte: Fundação Pierre Verger, de onde retirei as fotos e informações)

domingo, 17 de maio de 2009

17 de maio: dia contra a homofobia

Homosexualidade e Bisexualidade não são doenças. A doença é a homofobia, e pode ser curada.

não homofobia

Entre 1948 e 1990, a 'Organização Mundial da Saúde (OMS)' classificou a homossexualidade como um transtorno mental. Em 17 de maio de 1990, a 'Assembléia Geral da OMS' aprovou a retirada do código 302.0 (Homossexualidade) da Classificação Internacional de Doenças, declarando que 'a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão'. A nova classificação entrou em vigor entre os países membros das Nações Unidas em 1993. Com isso, marcou-se o fim de um ciclo de 2000 anos em que a cultura judaico-cristã encarou a homossexualidade primeiro como pecado, depois como crime e, por último, como doença.

Apesar deste reconhecimento da homossexualidade como mais uma manifestação da diversidade sexual, as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) ainda sofrem as conseqüências da homofobia, que pode ser definida como o medo, a aversão, ou o ódio irracional aos homossexuais: pessoas que têm atração afetiva e sexual para pessoas do mesmo sexo.

A homofobia se manifesta de diversas maneiras, e em sua forma mais grave resulta em ações de violência verbal e física, podendo levar até ao assassinato. Nestes casos, a fobia, essa sim, é uma doença, que pode até ser involuntária e impossível de controlar, em reação à atração, consciente ou inconsciente, por uma pessoa do mesmo sexo. Ao matar a pessoa LGBT, a pessoa que tem essa fobia procura 'matar' a sua própria homossexualidade. A homofobia também é responsável pelo preconceito e pela discriminação contra pessoas LGBT, por exemplo no local de trabalho, na escola, na igreja, na rua, no posto de saúde e na falta de políticas públicas afirmativas que contemplem LGBT. Infelizmente, também, os valores homofóbicos presentes em nossa cultura podem resultar em um fenômeno chamado homofobia internalizada, através da qual as próprias pessoas LGBT podem não gostar de si pelo fato de serem homossexuais, devido a toda a carga negativa que aprenderam e assimilaram a respeito.

Para tanto, o Dia 17 de Maio, além de relembrar que a homossexualidade não é doença, tem uma característica de protesto e de denúncia. No mundo inteiro, há um número crescente de atividades sendo realizadas neste dia. (fonte: Movimento D'ELLAS)

terça-feira, 12 de maio de 2009

bra-burning, a fogueira que não aconteceu

Miss America 1969

Em 7 de setembro 1968 aconteceu, nos EUA, uma manifestação de protesto com cerca de 400 ativistas do WLM (Women’s Liberation Movement), um dos primeiros grupos de libertação das mulheres no país, e foi contra a realização do concurso de ‘Miss América’ no 'Atlantic City Convention Hall'. O episódio ficou conhecido como ‘Bra-Burning’ ou ‘A Queima dos Sutiãs’. O protesto chocou o país, criando uma grande quantidade de publicidade, e alguns mitos, sobre o novo movimento. Cerca de 150 cidades aderiram às feministas. O protesto foi menor em 1969 e foi praticamente ignorado.

Na verdade, a ‘queima de sutiãs’ nunca aconteceu. Mas a atitude foi incendiária e serviu para atacar o machismo, o racismo e a opressão da mulher. A escolha da americana mais bonita entre as que desfilavam como gado para mostrar os seus atributos físicos era tida como uma visão arbitrária da beleza por causa de sua exploração comercial.

Bra-Burning - a queima de sutiãsObjetos da opressão feminina - sutiãs, sapatos de salto alto, cílios postiços, sprays de laquê, maquiagens, revistas, espartilhos, cintas - e outros ‘intrumentos de tortura’ foram colocados no chão do espaço permitido para manifestações. E aconteceu a proposta de se queimar o conteúdo, o que não aconteceu, pois foram proibidas pelos policias já que um incêndio representava um risco para o local, uma grande área de placas de madeira que ficava entre o 'Convention Center' e a praia. Os sutiãs também ninguém tirou. Mesmo assim, dezesseis feministas compraram bilhetes para a noite do desfile. Sentadas na primeira fila gritaram frases de efeito como ‘Freedom for Women’ and ‘No More Miss America’ e fizeram um discurso. Todas as manifestantes foram retiradas da sala, cinco foram detidas, mas depois liberadas.

A lenda da queima de sutiãs surgiu porque, ao dar ampla cobertura para o evento, a mídia o associou a outros movimentos, como o da liberação sexual e dos jovens que queimaram seus cartões de segurança social em oposição à Guerra do Vietnã, e passou a chamá-lo de ‘bra-burning’, encorajada por ativistas como Robim Morgan, ex-estrela-mirim da rádio e TV e depois escritora, poeta e editora. A manchete do ‘New York Post’ saiu com o título ‘BraBurners and Miss America’, e desde então a cultura popular ligou para sempre as feministas à ‘queima de sutiãs’ Depois disso, aconteceram queimas de sutiãs em vários cantos do mundo.

Bra-Burning - a queima de sutiãsNo ano seguinte houve a convocação para mais um protesto: ‘Don't Miss America’. Foram programadas mais ações. Porém, muito pouco aconteceu. Logo que as mulheres marcharam para o Boardwalk a polícia ameaçou prendê-las. Um oficial examinou o protesto a ser lido para ver se tinha qualquer linguagem ofensiva e as mulheres foram mantidas na praia, bem longe da entrada do salão onde aconteceria mais uma escolha da Miss América.

Broches com o desenho de um punho fechado no interior do símbolo biológico feminino foram distribuídos, concebidos em branco e com as letras em vermelho representando o sangue menstrual, tornou-se a marca da liberdade da mulher embora outros estilos e em várias cores tenham surgido ao longo das décadas seguintes.

'Bem-vindo ao Miss América, leilão de gado'
Bra-Burning - a queima de sutiãs

sexta-feira, 8 de maio de 2009

sombra e luz (15)

Carrie Prejean, miss Califórnia

A jovem de 21 anos Carrie Prejean, representante do Estado da Califórnia, foi a miss americana que ficou com o segundo lugar no concurso de beleza nos Estados Unidos. Perdeu a competição por ter se manifestado contra o casamento entre homossexuais. A pergunta foi feita por um dos jurados do ‘Miss Estados Unidos’ e após a resposta da miss, que alienou milhões de americanos gays e lésbicas, suas famílias e seus apoiadores, houve vaias e aplausos. Ela era definitivamente a favorita até então, a sua resposta lhe custou a coroa. O vídeo com a declaração de Prejean tornou-se um hit na internet.

Carrie Prejean, está em Washington para ajudar o lançamento de uma campanha que se opõe ao casamento de pessoas do mesmo sexo, ela vai trabalhar ao lado da ‘Organização Nacional pelo Casamento’ para proteger os casamentos tradicionais. Para a miss, o casamento é ‘algo muito querido para o meu coração’ e que ela está na capital americana para ajudar a salvá-lo. Segundo Prejean, várias pessoas a elogiaram por defender o casamento tradicional.

Geanne Greggio

Geanne Greggio, 32 anos, professora nos ensinos primário, fundamental e médio em Embu das Artes, transformou-se em um dos principais nomes na defesa dos direitos de travestis e transexuais nessa pequena cidade do Estado de São Paulo. Nascida em Jaboticabal, interior do Estado, Geanne é uma figura singular. Articulada e extrovertida, ela usa sua inteligência para conquistar admiração. O fato de ter assumido sua mudança de sexo apenas aos 23 anos não chega a incomodá-la. Ela defende que sua decisão teve um motivo: queria ser antes respeitada por sua história de vida do que por sua simples condição de travesti.

Caçula de uma família de quatro irmãos, Geanne foi uma criança que brincava muito e sempre foi muito independente. Fez faculdade muito cedo, estudou Letras por opção e também para realizar o sonho de sua mãe, que sempre quis ter uma filha professora. Aos 19 anos já dava aulas no interior e, mais tarde, mudou-se para Embu das Artes, onde está há 10. Veio como homem, e quando completou 23 decidiu pela adequação. Deixou os cabelos crescerem, fez aplicações de laser para eliminar alguns pelos e foi mudando gradativamente. Um processo que durou três anos.

A maioria das travestis começa esse processo bem cedo e depois não consegue encarar a sociedade. Elas trabalham em empregos comuns, o que nunca foi o objetivo de Geanne que resolveu estudar primeiro. Agora é professora do Estado, dá aulas de português e inglês, e na Prefeitura é coordenadora de uma escola.

O preconceito existe sim, em todo o lugar, mas quando se tem um objetivo as pessoas acabam te respeitando. Geanne é educadora há 11 anos e aprendeu a lidar com o preconceito. Os alunos, pais e direção a respeitam, embora ela ainda tenha dificuldade com os outros professores e diretores. O Governo poderia abrir mais espaço nas escolas, trabalhar melhor o corpo docente e prepará-lo para essa realidade. As Ongs poderiam oferecer mais cursos profissionalizantes para que as travestis possam ter mais emprego e outras opções além da prostituição.

O preconceito pode ser combatido a partir do momento que as pessoas conhecem melhor uma travesti ou transexual que trabalha e que é profissional. Geanne trabalha na formação de cidadãos conscientes e quer formar seres críticos, mas pensantes e sem preconceitos. Ser uma pessoa pública ajuda a desmistificar que toda travesti só faz programa, que usa drogas e se marginaliza. Atualmente, Geanne está no processo de mudança do seu nome. Está casada há três anos, tem um marido que a respeita como mulher e a vê como mulher. (fonte: entrevista dada por Geanne para 'A Capa')

segunda-feira, 4 de maio de 2009

livro: segundo desejo

autor: joão batista pedrosa
editora: iglu

João Batista Pedrosa é psicólogo e terapeuta sexual, trata das várias disfunções sexuais masculinas e femininas. É especializado no atendimento de homossexuais.

Segundo Desejo - João Batista Pedrosa

Quando começou a atender homossexuais, João Batista Pedrosa procurou apoio de um especialista, mas não conseguiu. Tentou encontrar livros específicos e concluiu que pouco ou nada havia sobre o tema. Então resolveu desbravar este caminho. O objetivo dos homossexuais quando procuram ajuda é viver sem culpa nem vergonha sua sexualidade. Mas não é fácil. Além da auto-aceitação, o princípio de tudo, ainda têm de combater os preconceitos da sociedade. Depois de quatro anos de investigação e 52 atendimentos a homossexuais, decidiu reunir sua experiência no livro ‘Segundo Desejo’. O livro, recomendado aos pais, educadores e profissionais da saúde, pretende, sobretudo, combater uma das principais causas do preconceito contra o homossexual: a falta de conhecimento.

A obra está dividida em três partes. Na primeira delas são as perguntas mais frequentes dos seus clientes no consultório, na maioria das vezes pais preocupados em como agir com a homossexualidade de seus filhos. Dúvidas sobre como e qual a melhor hora para conversar sobre o assunto, a homofobia e até a atuação de um educador frente à diversidade sexual dentro de sua sala de aula.

A segunda parte é constituída de artigos sobre homossexualidade e homofobia escritos pelo psicólogo a sites e revistas, artigos que tratam da homossexualidade para o público leigo, e para o homossexual serve como um guia de autoconhecimento.

A terceira parte discute a homofobia na sociedade brasileira, e mundial, como forma de coibir as ações dos homossexuais, relegando a presença deles aos guetos específicos longe dos olhos das ‘pessoas de família’.

Em uma entrevista dada para a Revista Sábado de Portugal, João revelou que os clientes que o procuram são os que sofrem por não aceitarem a sua própria homossexualidade. E o seu trabalho como psicólogos é fazer com que deixem de ter problemas com sua orientação sexual, para que sejam felizes, vivendo sem culpa ou vergonha. Com a descoberta da homossexualidade a primeira etapa é a total negação, e o receio da descoberta faz com que muitos homossexuais se envolvam em relacionamentos heterossexuais. A segunda fase é a dissimulação tendo um relacionamento homossexual clandestino, uma ‘vida dupla’ e muito medo da descoberta e da punição. A seguir vem a resignação, em que o indivíduo fica na semiclandestinidade, estabelece uma ligação estável com um parceiro que apresenta a um grupo restrito de amigos. A homossexualidade é reforçada positivamente, mas a sua grande preocupação é não ser descoberto por amigos, familiares e colegas. Evita falar da sua homossexualidade, não nega nem assume publicamente e freqüenta lugares públicos típicos da comunidade homossexual. Por último é a aceitação, revelando publicamente a sua orientação, tendo orgulho de ser homossexual.

Quanto ao preconceito, João aconselha que o homossexual deve combatê-lo e fazer uso das leis que o protegem. Desenvolver o autoconhecimento, amparar-se em grupos, freqüentar lugares homo são boas estratégias de defesa, usadas no processo terapêutico.