frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

segunda-feira, 23 de julho de 2007

livro: juízo

Autor: João Ximenes Braga
Editora: Sete Letras

O exercício de futurologia em ficção serve, no mais das vezes, para colocar em evidência os problemas do presente. É isso que torna tão fascinante a leitura de "Juízo". A história de "Juízo" revela, com exageros bem colocados, o desconforto que cabeças pensantes vivem hoje, quando prolifera a estupidez dos pregadores religiosos e dos veículos da comunicação de massa. Xavier, o protagonista do livro, é um sujeito esquisito, cheio de manias e pudores, com muitos problemas de relacionamentos pessoais. Ele vive em 2011, na cidade do Rio de Janeiro. Sua inadequação para esse mundo se torna pior quando o representante de uma seita pentecostal é eleito presidente da República (alguém duvida que isso possa realmente acontecer?). Em um blog que ninguém acessa, ele registra como perdeu o emprego, a namorada, os amigos e ganhou um sósia. E também como mergulhou na corrupção, degradação moral, na vileza do governo pentecostal. Com o passar do tempo, alguns internautas passam a acessar seu site - momento em que a história dá uma guinada. O autor diz que, na parte final, o livro vira "gay" e é verdade. Na orelha, Edmundo Barreiros comenta: "Políticos que reduzem a mulher a mera coadjuvante do homem, condenam a homossexualidade como doença e sonham restringir a livre circulação das pessoas, estão em cargos cada vez mais altos. Imagine, então, o dia em que um fundamentalista religioso chegar à presidência? Realidade assustadora, não? Mas pesquisas de opinião mostram que, hoje, esse não é um temor injustificado". Apesar da temática forte, "Juízo" é um livro que flui de maneira muito agradável. O autor é irônico, sarcástico e cáustico. Transforma em piada as situações mais bizarras do cotidiano. O livro tem uma estrutura de romance epistolar e é, de verdade, o trabalho de alguém habituado aos clássicos. Há toques de "120 Dias de Sodoma", do Marquês de Sade, de "William Wilson", de Poe, e até de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis.

(sinopse de Ferdinando Martins)

Sobre o autor

O autor João Ximenes Braga é carioca e jornalista. Morou durante quatro anos em Nova York como correspondente de 'O Globo', para onde escrevia uma coluna semanal de crônicas sobre a cidade. De volta ao Brasil, continuou como colunista do jornal, escrevendo sobre cultura e comportamento.

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