frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

domingo, 19 de abril de 2009

homenagem a uma feminista: ivone gebara

‘O aborto traz uma dor imensa, não é uma ação tranqüila. A dor das mulheres que não querem e não podem desenvolver a sua gravidez é uma dor sentida na pele. Mas deve ser uma opção em certas situações, como em caso de violência, de abuso sexual, e, de maneira especial, em relação às mulheres mais pobres. Essa é a bandeira que eu levanto’. O pensamento não seria estranho em uma feminista, se não fosse Ivone Gebara também uma freira e teóloga.

ivone gebara

Ivone Gebara, nascida em São Paulo, em 1944, vive no Nordeste brasileiro desde 1973. Ivone é doutora em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e outra vez doutora em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Louvin (Bélgica), mas nunca esqueceu da Universidade Federal de Pernambuco. Paulistana, descendente de libaneses e sírios, a filósofa e doutora em teologia lecionou durante 17 anos no Instituto de Teologia do Recife, até sua dissolução, decretada pelo Vaticano, em 1989.

Ivone contribuiu na elaboração da Teologia da Libertação, mas tarde adepta da Teologia Feminista. Anos atrás, em entrevista às páginas amarelas da revista Veja defendeu a descriminalização do aborto. Silenciada, por dois anos, pelo Vaticano em 1995, cumpriu sua pena, mas não calou sua sede por justiça. Mudou-se para Bruxelas (Bélgica) na esperança de dominar a sua revolta e obedecer à ordem, aproveitou o tempo para trabalhar em novos livros que mais tarde permitiu-lhe continuar a propagar as idéias que nasceram para o conhecimento das mulheres pobres na sua aldeia.

Aos 65 anos – 35 dos quais residindo em Pernambuco, atualmente em Camaragibe, Pernambuco – essa religiosa da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora (cônegas de Santo Agostinho) vive de forma muito especial seu apostolado. Pensando a fé no sentido múltiplo, ela desenvolve a sua pastoral em parceria com ONGs feministas, como o SOS Corpo, a Casa da Mulher do Nordeste (ambas no Recife) e a Cunhã (em João Pessoa), onde não se fala apenas do corpo, mas também da justiça.

Percorre o Brasil e diferentes partes do mundo, ministrando cursos, proferindo palestras sobre a mulher associando o feminismo à justiça, fala de mitos e religião. Em Estocolmo, participou dos festejos do quarto centenário da Igreja Luterana da Suécia. Na ocasião, além de quebrar o protocolo e comungar do pão e do vinho dos ‘irmãos protestantes’, ela não fez a reverência aos reis Gustavo e Sílvia. Seu espírito indômito, iluminado por idéias novas, a transformou na primeira teóloga feminista do Recife.

Tem vários livros e artigos publicados em português, espanhol, francês e inglês, entre eles: ‘As incômodas filhas de Eva na Igreja da América Latina’ (1989), ‘Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal' (2000), ‘A Mobilidade das Senzalas Femininas’ (2000), um pequeno livro, no qual exibe depoimentos de mulheres que narram o seu sofrimento e que agora, elas parecem ter aprendido a lidar melhor com o sofrimento de ser mulher numa sociedade em que a última palavra é sempre a masculina; que não participam de organizações femininas ou feministas, mas tiveram influência do movimento feminista e que compreenderam as suas próprias vidas e se ajudam mutuamente.

Depois de se debruçar sobre temas como ‘O que é teologia’ (2006), ‘O que é teologia feminista’ (2007) e uma reflexão instigante sobre ‘O que é o cristianismo’, Ivone Gebara, no seu mais recente livro ‘As águas do meu poço’ decidiu ‘falar como uma mulher’ debruçando-se à beira de seu próprio poço para escutar suas águas mais profundas. São reflexões sobre as experiências de liberdade. Pois, de acordo com Ivone: somos seres de liberdade, mas vivemos sempre escravos das coisas que nós mesmos criamos. Sinto-me sempre desafiada a pensar a liberdade.

Embora as críticas de sua igreja continuem, ela se recusa a renunciar ao seu caráter religioso. ‘Eu me tornei uma freira para encontrar a minha liberdade. Eles não têm direito a minha escolha. Escolhi a entrar em uma congregação religiosa e eles não têm o direito de me tirar’.



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Um comentário:

@millafersan disse...

adoro suas homenagesn, fico sabendo de cada coisa amiga.. bjs..