frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

domingo, 6 de abril de 2008

ela e ela: rosa bonheur e nathalie micas

nathalie e rosa, 40 anos juntas

Marie-Rosalie Bonheur (na foto a que está em pé) nasceu na França no ano de 1822. Logo que começou a demonstrar talento para a pintura, seu pai, também pintor, resolveu ensiná-la a arte do traço, das luzes e das cores, já que não era permitido às mulheres freqüentarem uma escola de arte, mais tarde Rosa se vingou e fundou a ‘Academia de Artes para Jovens Garotas’. Foi o pai também que sugeriu que a filha pintasse sobre um único tema e que seria o principal em sua obra: o reino animal. (veja aqui algumas de suas obras)

Querendo aprimorar a sua técnica, Rosa começou a estudar a anatomia dos animais visitando açougues onde podia observar os bichos por dentro. Embora sua pintura fosse realista e bastante conservadora, Rosa era completamente anti-convencional. Para que pudesse visitar os açougues e matadouros sem que fosse incomodada, começou a vestir-se de homem e obteve, com exclusividade, um certificado (veja aqui) da polícia de Paris autorizando-a a se travestir, o certificado era necessário pois fazer cross-dressing era crime naquela época. Além das roupas masculinas, Rosa apreciava charutos, fumava cigarros em público, usava o cabelo bem curto e ainda ousava cavalgar de atravessado, coisa que nenhuma mulher de boa família se atrevia a fazer.

A grande companheira na vida de Rosa foi Nathalie Micas, amiga de infância que depois virou sua esposa. Rosa conheceu Nathalie em 1836, quando tinha 14 anos de idade e só se separaram quando Nathalie morreu, em 1889. Nathalie era uma inventora de fundo de quintal e chegou a patentear um freio para locomotivas. Mas no dia-a-dia Nathalie acabava trabalhando junto de Rosa, ajudando a pintora em sua carreira e também na manutenção do curral particular da casa de campo delas, em Fontainebleu, isso porque Rosa não podia mais manter seus modelos, as ovelhas, os cavalos e outros animais, trancafiados no sexto andar de seu apartamento em Paris.

Na verdade Nathalie era a mulher por trás da grande artista. Rosa escreveu que Nathalie era sua bem-amada: "ela era minha igual em muitas coisas e até superior a mim em outras". Rosa reconhecia a importância de Nathalie para o sucesso de sua carreira de artista: "Ela me protegia da lama que era atirada em mim, impedindo que eu me sujasse". E graças à Nathalie, Rosa tornou-se uma das mais famosas pintoras francesas de todos os tempos.

Depois que Nathalie morreu, em 1889, Rosa entrou numa depressão terrível. Um dia, porém, recebeu a visita de uma jovem artista que queria pintar um retrato seu. Rosa apaixonou-se pela jovem pintora americana, chamada Anna Elizabeth Klumpke, e convidou-a para morar junto dela em Fontainebleu. Uma curiosidade: Anna era fascinada por Rosa desde pequena quando ganhou de presente uma boneca Rosa Bonheur, a pintora era tão famosa que fabricaram uma série de bonecas em sua homenagem. As duas artistas viveram juntas por 10 anos, até a morte de Rosa em 1899. E para provar que o amor é lindo e eterno, as cinzas de Rosa, Nathalie e Anna foram enterradas juntas e podem ser visitadas no cemitério ‘Pére Lachaise’, em Paris.

(fonte: MixBrasil)

2 comentários:

regina claudia brandão disse...

eu conheço essa estória.
sou fascinada pela vida contada assim. quando estive na frança, numa cidadezinha de 700 habitantes, eu já conhecia uma história vivida por pessoas da família onde me hospedei. liguei pro meu porrinha e disse que estava me sentindo num filme francês, com cenário e roteiro perfeitos. a frança é particularmente rica nesse setor ... histórias de amor audaciosas e turbulentas.

Perdita disse...

Queria descobrir a fonte das belas histórias que você posta.