frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

domingo, 13 de julho de 2008

a literatura homossexual sai do armário


A editora americana ‘Triangle’, especializada em literatura gay, pediu a um grupo de intelectuais e autores uma lista das cem melhores obras no gênero, e mesmo com a maioria sendo de americanos, obteve uma lista notável: começando com ‘Morte em Veneza’, de Thomas Mann, passando por ‘Em Busca do Tempo Perdido’, de Marcel Proust, e chegando a ‘O Beijo da Mulher-Aranha’, do argentino Manuel Puig.

A homossexualidade é reconhecida há milênios, mencionada em textos da antigüidade clássica; mas, apesar da tolerância grega em relação a ela, de maneira geral tratava-se de transgressão e dificilmente poderia ser abordada em texto, a não ser de forma camuflada, como acontece em sonetos de Shakespeare.

‘To get out of the closet’, sair do armário, é uma expressão muito usada para designar a atitude de homossexuais que assumem sua orientação. Esse processo, porém, nunca foi fácil. A literatura explicitamente gay é, portanto, relativamente recente, se impôs somente nas últimas três décadas e permitiu que muitos abordassem o tema na ficção, na poesia, no ensaio.

Os autores atuais dão prosseguimento à obra daqueles que, homossexuais ou não, falaram corajosamente do 'amor que não ousa dizer seu nome' definição de Oscar Wilde, sobre a homossexualidade, como forma de mais perfeita afeição e amor.

Autores importantíssimos são citados: veja a lista aqui. E a essa relação ainda podemos acrescentar os nomes de Lord Byron, Walt Whitman, Allen Ginsberg, García Lorca, Oscar Wilde, Arthur Rimbaud e Tennessee Williams. No Brasil são listados, entre os escritores homossexuais, João do Rio, Pedro Nava, Caio Fernando Abreu, Walmyr Ayala e muitos outros.

Há pelo menos um clássico de nossa literatura que aborda o tema da homossexualidade: ‘Bom Crioulo’ (1895), de Adolfo Caminha, escritor que faleceu muito jovem, e autor de uma sombria obra, na qual o romance mencionado não constitui exceção. Dentro do espírito da época, é um texto naturalista que narra a ligação entre o negro Amaro, escravo fugido que se torna marinheiro, e o grumete Aleixo, que trabalha na mesma embarcação. O livro é, portanto, duplamente “transgressor”: amor entre homens, amor entre um negro e um branco. Amaro, que tem 30 anos, domina Aleixo, que, com seus 15 anos, ainda é quase um menino. O autor introduz ainda uma prostituta, Carolina, que, seduzindo Aleixo, cria um inusitado triângulo amoroso, que termina em tragédia quando Amaro mata Aleixo e é preso. Publicado no Reino Unido, na Alemanha, na França, no México, em Portugal, o livro teve grande repercussão.


2 comentários:

Luiz Lailo disse...

Parabéns pelos seus dois aniversários. Eu comecei um pouco antes, no final de março mas só no final de abril, quando me cadastrei no BlogBlogs é que o Lugar começou a andar e falar, antes a criança só engatinhava.
Aproveitei também para olhar as outras criaturas. O Seu Lalo durou de nov 2005 até nov 2006.

Estive vendo que o Fazendo Estrelas está com uma boa audiência (a gente quer sempre mais) mas é uma pena que, por mais que você publique histórias bonitas que, além de abordar o tema homossexual, contemplam também aspectos da vivência humana, apesar disso o povo se mantém silencioso e não sai do armário nem pra dar uma comentada.

Descriativa ¬¬" disse...

Já está mais do que na hora da literatura homossexual ganhar seu espaço e nada melhor do que uma boa divulgação para tal.
Afinal, direcionada ao público que for, literatura é sempre maravilhosamente esclarecedora.