frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

sexta-feira, 13 de julho de 2007

filme: c.r.a.z.y.

título original: “c.r.a.z.y.”
gênero: drama
origem: canadá
ano de lançamento: 2005
direção: jean-marc vallée
elenco: marc andré-grodin, michel côté, danielle prouxl, pierre luc-brillant
premiação: ganhou o prêmio de melhor filme canadense no festival de toronto

Zachary Beaulieu vem ao mundo e é o 4º entre cinco irmãos, todos meninos, do casal Gervais e Laurianne. C.R.A.Z.Y. é um acrônimo do nome dos cinco rebentos da família Beaulieu: Christian, Raymond, Antoine, Zachary e Yvan. Nascido num 25 de dezembro e tendo escapado da morte alguns segundos após seu nascimento, Zachary cresce dotado de um suposto poder sobrenatural de cura. Cristãos fervorosos, os pai desconfiam que há mais no delicado Zachary do que seu dom: eles desconfiam que seu filho seja um pederasta. O filme acompanha duas décadas da vida de Zachary e sua bizarra família com as festas dos aniversários natalinos sempre pontuadas pela bisonha imitação que o pai insiste em fazer de Charles Aznavour, as brigas entre irmãos e, principalmente, sua angústia por ter, desde pequeno, tendências homossexuais que ele reprime com todas as forças.

Sua adolescência traz a descoberta de uma sexualidade diferente e sua negação profunda para não decepcionar a família. Zachary sacrifica-se pelo pai, que tanto admira, negando a si mesmo para ser aceito. E a maturidade, enfim, chega com uma libertadora viagem mística por Jerusalém, a cidade que sua mãe sempre sonhou conhecer. Uma sensível e engraçada história de auto-descobrimento, onde o próprio protagonista pontua seus momentos mais marcantes - desde o dia do nascimento até a idade adulta. Nessa jornada acompanhamos suas desilusões infantis, sexualidade reticente e seu caminho para conquistar não apenas o respeito dos pais e irmãos, mas também para se destravar e aceitar com a cabeça as escolhas que já fez há tempos no coração. É doloroso constatar que, numa família onde ninguém parece normal, sempre se elege um coitado para receber a descarga das frustrações de todos os demais.

E o grande acerto do filme é nunca perder de vista o tom irônico: todas as vezes que a história ameaça resvalar um pouco para o dramalhão, logo dá uma virada bem-humorada. Outro detalhe é a caracterização das diferentes épocas, bem demarcada pelas mudanças não apenas no visual, mas também no gosto musical do protagonista. Sua trilha-sonora é repleta de músicos do calibre de 'The Rolling Stones', David Bowie e 'Pink Floyd'. O diretor claramente ama as canções, tendo escrito cenas memoráveis em torno delas. O filme não nos convida só a reflexão do significado do amor, mas também à incursão pelos sentimentos que polarizam o amor humano: ódio, paixão, remorso, gratidão, medo, solidariedade etc. Um filme sensível, engraçado e magistralmente comovente. Cartilha obrigatória a pais educandos.

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