frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

sexo vibrante

Hércules é um dos heróis máximos da mitologia grega. Graças a ele, soldados e líderes tinham em quem se inspirar quando precisavam de um exemplo de força.

Sócrates foi um dos maiores filósofos da Grécia antiga. Graças a ele, o ocidente começou a conceber a idéia de imortalidade da alma.

Julio César foi o líder responsável pelo apogeu do Império Romano. Graças a ele, Roma explodiu em prosperidade e o latim se espalhou por diversos cantos da Europa.

Napoleão Bonaparte foi o maior imperador da França. Graças à sua idéia de invadir Portugal, a Família Real fugiu de Lisboa para fazer do Rio de Janeiro a capital do Império.

Hoje, Hércules, Sócrates, César e Napoleão não são mais apenas líderes intelectuais ou militares. Abandonaram o panteão de figuras lendárias para penetrar em um universo muito mais íntimo e, quem sabe, fascinante. Trocaram a esfera pública pela privada, a notoriedade pelo quase anonimato. O novo Hércules não dá a mínima para atos heróicos. O novo Sócrates é indiferente à nossa vã filosofia. O novo César não é mais um líder insaciável. O novo Napoleão já não alimenta desejos megalomaníacos.

Comparados aos homens que foram, são figuras pacatas, serenas, caladas, mas nem por isso menos amadas. Não servem mais ao “povo” ou à “nação”, mas, quando chamados por seus soberanos a entrar em atividade, desempenham suas funções com extrema eficiência: incansáveis, estão sempre em alerta e nunca falham. Separados por vários séculos de história, eles hoje ignoram a cronologia e se encontram em um universo atemporal e hedonista. Muito prazer! Hércules, Sócrates, César e Napoleão são vibradores.

Graças a eles, milhares de brasileiros apimentam suas relações sexuais. Os vibradores, ou “acessórios”, como os donos de sex shops preferem chamá-los, não são apenas cópias fiéis de pênis com nomes de personagens imponentes. Existem alguns – os dildos – de design mais sóbrio, feitos em acrílico colorido, que – tal qual os ensinamentos do filosofo Sócrates – lembram um pênis apenas no “mundo das idéias”. Existem outros, mais realistas, de silicone ou de um material chamado cyberskin, nas cores da pele. Existem, para os brincalhões, vibradores estilizados, em formato de sereia, coelho ou golfinho e, para os mais gulosos, em cor e forma de banana.

Existem vibradores que tremem, que giram, que tremem e giram. Para os avessos à tecnologia, há modelos que não tremem, não giram, mas podem ser usados embaixo d’água. Existem vibradores anônimos e famosos, reproduzidos a partir de pênis de mitos do pornô. À parte as diferenças de cor, forma, desenho, tamanho e preço, há um ponto em comum entre os vibradores: nenhum tem pelos pubianos.

Carla Fernandes, vendedora de um Sexy Shop, no Rio de Janeiro, acha que a “concentração” é um dos melhores atributos do vibrador: “O vibrador acompanha a mulher até o fim. Por isso, tenho cinco modelos diferentes em casa e faço propaganda deles para minhas amigas.” Carla não é a única pessoa a apontar os atributos de um vibrador. No Orkut, há sete comunidades exaltando o tema, entre as quais “eu sou viciada(o) em vibrador”, “toda mulher tem que ter um vibrador” e “vibrador não ronca e não peida”.

Nessa última, lê-se a seguinte descrição: “Criei esta comunidade para todas as mulheres que estão cansadas da falta de caráter masculino (sic), cansadas da inconstância no comportamento deles e da insistência dos mesmos em "fazer sexo sem compromisso". Se você quer sexo sem compromisso, seja prática, compre um vibrador, seguramente terá prazer e algumas vantagens: vibradores não roncam, não peidam, não cutucam o nariz, não esquecem a tampa do vaso levantada, não são ciumentos nem possessivos e não reclamam de absolutamente nada!

(por Roberto Kaz – escritor e jornalista)

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