Herdeiro do Império Romano, Públio Élio Trajano Adriano mais conhecido apenas como Adriano, era um militar homossexual fascinado pela cultura dos povos dominados. Conhecido por seu interesse pela cultura grega e pela arquitetura, sua homossexualidade se revelou na relação aberta com a sua grande paixão, o jovem grego Antínoo. Para ele, Adriano construiu templos e uma cidade inteira. Homem de grandes contradições combinava opressão com tolerância cultural, construiu a muralha de 117 quilômetros entre a Inglaterra e a Escócia para se proteger dos exércitos inimigos do norte, na época, a região fazia parte do Império Romano. Seu encantamento pela arquitetura também transbordou bem longe do plano da guerra. Foi ele quem construiu o Panteão em Roma e uma extraordinária residência em Tivoli, a Villa Adriana, que fica perto de Roma. Era um sensível, do ponto de vista artístico e um apaixonado no amor homossexual. Quando da morte do jovem Antínoo, seu amante, decretou luto em todo o Império.
Adriano renasceu numa exposição do British Museum, em Londres, num documentário da rede BBC e Hollywood visitará a Roma Antiga e também trará de volta o imperador, talvez o maior de todos os imperadores romanos. Um homem notável, uma das mais cultas e sábias figuras do seu tempo, que tornou a sociedade romana um pouco mais justa para as mulheres dando-lhes direitos e amenizando o tratamento dado aos escravos, será trazido de volta em um drama adaptado do romance de Marguerite Yourcenar no seu célebre ‘Memoirs of Hadrian’ (Memórias de Adriano). A genialidade desta obra nos remete a própria vida da autora, apaixonada por um homem que gostava de outro homem e que encontrou e amou a americana Grace Frick (1937). Para proteger a relação do preconceito, instalou-se em companhia da sua amada na solidão da ilha de Montes-Desertos (Maine-EUA), e torna-se cidadã americana em 1947.
‘Memórias de Adriano’ tem a forma de uma longa carta dirigida pelo velho imperador, já minado pela doença, ao jovem Marco Aurélio, que deve suceder-lhe no trono de Roma. Uma carta em que, numa serena confissão causada pela aproximação da morte, conta todos os episódios decisivos de sua vida. Marguerite Yourcenar era poliglota e apaixonada pela antiguidade clássica, publicou a obra em 1951, iniciada em 1924, e nela relata a figura humana do imperador romano, preocupado em passar ao sucessor, reflexões sobre suas misérias, glórias e o desesperado amor pelo belo e enigmático Antínoo, que ante o seu suicídio, num acesso de melancolia, o imperador quase enlouquece. Sua história foi inspirada em profundas pesquisas, visitas a museus, consultas a bibliotecas até absorver completamente a essência da personalidade do Imperador Adriano. Toda a sua sensibilidade na evolução de um império foi como uma reverência ao seu amor por Antinoo, que vivenciou a cada momento da história sem se importar com as intrigas.
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