frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

memórias de um imperador

imperador adrianoantínoo

Herdeiro do Império Romano, Públio Élio Trajano Adriano mais conhecido apenas como Adriano, era um militar homossexual fascinado pela cultura dos povos dominados. Conhecido por seu interesse pela cultura grega e pela arquitetura, sua homossexualidade se revelou na relação aberta com a sua grande paixão, o jovem grego Antínoo. Para ele, Adriano construiu templos e uma cidade inteira. Homem de grandes contradições combinava opressão com tolerância cultural, construiu a muralha de 117 quilômetros entre a Inglaterra e a Escócia para se proteger dos exércitos inimigos do norte, na época, a região fazia parte do Império Romano. Seu encantamento pela arquitetura também transbordou bem longe do plano da guerra. Foi ele quem construiu o Panteão em Roma e uma extraordinária residência em Tivoli, a Villa Adriana, que fica perto de Roma. Era um sensível, do ponto de vista artístico e um apaixonado no amor homossexual. Quando da morte do jovem Antínoo, seu amante, decretou luto em todo o Império.

memórias de adriano’ marguerite yourcenar Adriano renasceu numa exposição do British Museum, em Londres, num documentário da rede BBC e Hollywood visitará a Roma Antiga e também trará de volta o imperador, talvez o maior de todos os imperadores romanos. Um homem notável, uma das mais cultas e sábias figuras do seu tempo, que tornou a sociedade romana um pouco mais justa para as mulheres dando-lhes direitos e amenizando o tratamento dado aos escravos, será trazido de volta em um drama adaptado do romance de Marguerite Yourcenar no seu célebre ‘Memoirs of Hadrian’ (Memórias de Adriano). A genialidade desta obra nos remete a própria vida da autora, apaixonada por um homem que gostava de outro homem e que encontrou e amou a americana Grace Frick (1937). Para proteger a relação do preconceito, instalou-se em companhia da sua amada na solidão da ilha de Montes-Desertos (Maine-EUA), e torna-se cidadã americana em 1947.

‘Memórias de Adriano’ tem a forma de uma longa carta dirigida pelo velho imperador, já minado pela doença, ao jovem Marco Aurélio, que deve suceder-lhe no trono de Roma. Uma carta em que, numa serena confissão causada pela aproximação da morte, conta todos os episódios decisivos de sua vida. Marguerite Yourcenar era poliglota e apaixonada pela antiguidade clássica, publicou a obra em 1951, iniciada em 1924, e nela relata a figura humana do imperador romano, preocupado em passar ao sucessor, reflexões sobre suas misérias, glórias e o desesperado amor pelo belo e enigmático Antínoo, que ante o seu suicídio, num acesso de melancolia, o imperador quase enlouquece. Sua história foi inspirada em profundas pesquisas, visitas a museus, consultas a bibliotecas até absorver completamente a essência da personalidade do Imperador Adriano. Toda a sua sensibilidade na evolução de um império foi como uma reverência ao seu amor por Antinoo, que vivenciou a cada momento da história sem se importar com as intrigas.

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