título no Brasil: 'XXY' gênero: drama origem: argentina/frança/espanha ano de lançamento: 2007 direção: lucía puenzo roteiro: lucía puenzo, baseado em estória de sergio bizzio elenco: ricardo darín, inés efron, martín piroyansky
Em seu primeiro longa-metragem, a diretora argentina Lucía Puenzo, filha do cineasta Luis Puenzo, encarou o desafio de tratar de um tema ausente do cinema. Como o título sugere, XXY aborda de um modo bastante delicado e poético a história de Alex, uma adolescente hermafrodita e de seus conflitos de identidade e também do preconceito da população da pequena cidade pesqueira onde vive.
O filme foi criticado por médicos, pois o título é totalmente enganador. Na medicina, XXY é relacionada à Síndrome de Klinefelter, que não é ligada a distúrbios de função ou identidade sexual, o que é muito diferente da ambigüidade genital. A Síndrome de Klinefelter é uma anomalia cromossômica que causa esterilidade.
Opondo-se a um discurso racional e científico, Lucía Puenzo não teve a menor intenção de construir uma obra de denúncia social ou de defesa das minorias. Ela preferiu basear-se sempre em metáforas e alusões. Nunca se fala em ‘hermafroditismo’, mas faz-se referências: ‘eu tenho os dois’, diz Alex a um amigo; enquanto as bonecas na sua prateleira têm pênis postiços feitos de cigarros.
Não se aborda o assunto de frente. Quando alguém menciona sexualidade perto de Alex, ela se levanta e vai embora, revoltada, de onde conclui-se que ela não quer ouvir falar de escolhas sexuais nem cirurgias reparatórias, e o filme também não. Mas, não há uma cena sequer que não esteja relacionada à sexualidade, e as simbologias estão sempre presentes para garantir as alusões.
A mãe de Alex é a mulher que investiga sobre cirurgiões especializados em reconstruções do sexo enquanto, na cozinha de casa, ela pica uma cenoura, num claro símbolo fálico, e corta acidentalmente o dedo numa referência à mutilação genital. O pai de Alex é um biólogo e numa cena ele aparece operando uma tartaruga que perdeu uma barbatana, mais uma vez, a alusão clara à mutilação. Incapaz de discernir qual a decisão correta que sua filha deveria seguir, sofre com as dificuldades da filha, ainda assim respeitando-a e protegendo-a seu modo.
XXY é um filme sobre hermafroditismo, e não sobre uma hermafrodita. Não se sabe o que Alex pensa, quais seus gostos e desgostos, seus planos, suas atividades. Sabe-se unicamente de sua anatomia singular.
Mara, ainda não assisti, mas estou com vontade. Agora, vou te contar que essa Lucía Puenzo, primeiro como escritora e agora como cineasta é muito badalada por aqui. Eu por enquanto acho sem sustento, o que teu texto só vem acrescentar. bjs
3 comentários:
MUITO BOM!
Olá, estou te linkando no meu blog, qdo puder faça uma visitinha.bjos
Mara, ainda não assisti, mas estou com vontade. Agora, vou te contar que essa Lucía Puenzo, primeiro como escritora e agora como cineasta é muito badalada por aqui. Eu por enquanto acho sem sustento, o que teu texto só vem acrescentar.
bjs
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