frase do dia: ‘a homofobia é mais uma constatação da perda da ternura no mundo, ser
preconceituoso com os LGBTs é retroceder; além de prejudicar o crescimento humano.’

(letícia spiller - atriz brasileira)

última atualização: 19/08/2009 20:36:42

segunda-feira, 23 de março de 2009

o 'coming out' de pedro

coming out

Foi com 21 anos, que me assumi como homossexual. A minha infância e adolescência foram passadas sem que me apercebesse de forma clara da minha verdadeira orientação sexual. Tive algumas namoradas, mas era tudo baseado em amores platônicos, em que o mais importante era saber que ela gostava de mim e não tanto se eu gostava dela, porque o que pretendia era carinho, atenção e amor. No entanto, não tolerava beijos ou carícias mais íntimas, e mesmo o andar de mãos dadas era intolerável.

Foi no segundo ano de faculdade que comecei a notar que de fato sentia algo ‘estranho’. Não conseguia encontrar nas meninas nada de atraente, e questionava-me como é que era possível que os meus colegas ficassem loucos quando viam uma garota enquanto eu conseguia distinguir um rapaz bonito e atraente de outro menos bonito. Pensei ser apenas uma fase e que esta atração por rapazes iria desaparecer com o tempo, e por saber que isso estava ‘errado’, retraí sempre os meus sentimentos e entrei num período de negação da minha homossexualidade de tal forma que me tornei um homofóbico, o mais homofóbico da minha turma.

Durante cerca de dois anos mantive uma vida dupla infernal: por um lado era o rapaz que detestava os gays, que estava sempre, estrategicamente, comentando sobre todas as mulheres que passassem por mim, em especial se os meus colegas estavam ao meu lado, para que nunca suspeitassem do meu segredo; por outro lado, era o rapaz que chegava em casa sempre triste, sem qualquer prazer em estudar, evitava sair por não conseguir nenhuma diversão. Esta dupla vida não me deixava respirar. Quer em casa quer na faculdade o teatro era uma constante. Todo este acumular de situações desembocou numa profunda depressão, tristeza, apatia, perda de apetite, desprezo por mim mesmo, falta de auto-estima e auto-confiança, dificuldades de concentração e ataques de pânico sem razão aparente.

Precisava dizer isso a alguém, o que veio a acontecer quando desabafei com uma colega da minha classe. Foi o descarregar de um peso monstruoso. Contudo, passado algum tempo o descontrole foi total. Comecei a verificar que encontrar um parceiro seria extremamente difícil e comecei a pensar que no futuro não conseguiria discernir as dificuldades de ser um homossexual. Não encontrava saída para a minha angústia, para a impossibilidade de contar aos meus pais e aos meus colegas de faculdade. Encontrava-me diante de um dilema: por um lado tinha admitido ser homossexual e por outro esse fato parecia que iria tornar-me infeliz para todo o sempre.

Comecei então a escrever poemas para descarregar os sentimentos retraídos e as angústias de um mundo desconhecido. Mas não bastava; foi então que tentei o suicídio. Fui levado ao hospital onde fui atendido e encaminhado para a psiquiatria, iniciando um acompanhamento psicológico. Desde então, revelei a minha homossexualidade a alguns amigos que me ajudam imensamente. Quanto à minha família contei a uma prima e à minha mãe, e ambas reagiram muito bem. No entanto não conheço mais ninguém que seja homossexual. (depoimento retirado do site Rede Ex-aequo)



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2 comentários:

Anônimo disse...

ñ tem problema nehum, o importante emso é a sua presenã e o seu carinho quando aparece, muitos beijso e até breve..

O Profeta disse...

O silêncio da solidão mora em meus olhos
Revela-se na tristeza, retém a palavra amarga
Tem a nudez de um aguaceiro de Maio
Uma garganta presa em grades que a voz embarga

Hoje a Ilha acordou presa ao silêncio
Os pássaros voaram no chão de barro frio
Esqueceram-se de subir ao azul
Lavaram as penas nas águas de um rio


Convido-te a descansar a alma nas minhas pedras de Ouro

Boa semana


Mágico beijo