Em 7 de setembro 1968 aconteceu, nos EUA, uma manifestação de protesto com cerca de 400 ativistas do WLM (Women’s Liberation Movement), um dos primeiros grupos de libertação das mulheres no país, e foi contra a realização do concurso de ‘Miss América’ no 'Atlantic City Convention Hall'. O episódio ficou conhecido como ‘Bra-Burning’ ou ‘A Queima dos Sutiãs’. O protesto chocou o país, criando uma grande quantidade de publicidade, e alguns mitos, sobre o novo movimento. Cerca de 150 cidades aderiram às feministas. O protesto foi menor em 1969 e foi praticamente ignorado.
Na verdade, a ‘queima de sutiãs’ nunca aconteceu. Mas a atitude foi incendiária e serviu para atacar o machismo, o racismo e a opressão da mulher. A escolha da americana mais bonita entre as que desfilavam como gado para mostrar os seus atributos físicos era tida como uma visão arbitrária da beleza por causa de sua exploração comercial.
Objetos da opressão feminina - sutiãs, sapatos de salto alto, cílios postiços, sprays de laquê, maquiagens, revistas, espartilhos, cintas - e outros ‘intrumentos de tortura’ foram colocados no chão do espaço permitido para manifestações. E aconteceu a proposta de se queimar o conteúdo, o que não aconteceu, pois foram proibidas pelos policias já que um incêndio representava um risco para o local, uma grande área de placas de madeira que ficava entre o 'Convention Center' e a praia. Os sutiãs também ninguém tirou. Mesmo assim, dezesseis feministas compraram bilhetes para a noite do desfile. Sentadas na primeira fila gritaram frases de efeito como ‘Freedom for Women’ and ‘No More Miss America’ e fizeram um discurso. Todas as manifestantes foram retiradas da sala, cinco foram detidas, mas depois liberadas.
A lenda da queima de sutiãs surgiu porque, ao dar ampla cobertura para o evento, a mídia o associou a outros movimentos, como o da liberação sexual e dos jovens que queimaram seus cartões de segurança social em oposição à Guerra do Vietnã, e passou a chamá-lo de ‘bra-burning’, encorajada por ativistas como Robim Morgan, ex-estrela-mirim da rádio e TV e depois escritora, poeta e editora. A manchete do ‘New York Post’ saiu com o título ‘BraBurners and Miss America’, e desde então a cultura popular ligou para sempre as feministas à ‘queima de sutiãs’ Depois disso, aconteceram queimas de sutiãs em vários cantos do mundo.
No ano seguinte houve a convocação para mais um protesto: ‘Don't Miss America’. Foram programadas mais ações. Porém, muito pouco aconteceu. Logo que as mulheres marcharam para o Boardwalk a polícia ameaçou prendê-las. Um oficial examinou o protesto a ser lido para ver se tinha qualquer linguagem ofensiva e as mulheres foram mantidas na praia, bem longe da entrada do salão onde aconteceria mais uma escolha da Miss América.
Broches com o desenho de um punho fechado no interior do símbolo biológico feminino foram distribuídos, concebidos em branco e com as letras em vermelho representando o sangue menstrual, tornou-se a marca da liberdade da mulher embora outros estilos e em várias cores tenham surgido ao longo das décadas seguintes.
4 comentários:
Não tem problmas, o importante é vc aparecer por lá, grande beijo e volte sempre e mais vezes..
Provocar... eis ai uma palavra gostosa de ser pronunciada...
Só pra não perder o costume... adorei essa última foto...
Massa o artigo, me ajudou para minha pesquisa sobre violência contra a mulher!
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